Marco Túlio Kehdi - Guinadas Inspiradoras
Quando um emprego no Google não é suficiente
Eu trabalhei por muito tempo na AIESEC antes de entrar no mundo corporativo. Depois disso, fui trainee na Whirlpool onde fiquei 1 ano trabalhando em um projeto relacionado ao ecommerce. Posteriormente, entrei no Google onde fiquei 2 anos. Trabalhei basicamente em uma posição que pode ser explicada como "Vendas Técnicas", ou seja, eu tinha que entender muito da parte técnica para recomendar a melhor forma dos anunciantes terem mais performance com os anúncios no Google. Atendi grandes contas como B2W, MercadoLivre, CompraFácil, entre outros.
Eu confesso que não estava tão insatisfeito assim com o meu trabalho. Eu gostava do meu dia a dia, do trabalho em si, dos meus colegas, do meu chefe. Então, essa "insatisfação" veio mais do desejo que sempre tive de empreender. Apesar de trabalhar em uma empresa fantástica como o Google, eu sempre tive vontade de liderar pessoas e transformar o ambiente de trabalho, por isso acabei decidindo sair para empreender.
Eu e meu sócio pensamos muito sobre o assunto enquanto estávamos no Google. Vimos que, se tivéssemos uma proposta diferente, haveria espaço no mercado para uma agência de marketing digital como a nossa. Focamos em fazer várias coisas diferentes dos nossos concorrentes: focar em tecnologia, trazer pessoas de background de exatas, montar o escritório fora de São Paulo. Foram decisões que no início traziam a dúvida se iriam funcionar. No fim, acredito que deu tudo certo.
O mais difícil foi tomar a decisão mesmo. Sair do Google definitivamente não é algo fácil de se fazer. Eu costumava brincar que se você não está satisfeito trabalhando no Google, você tem um problemão nas mãos. Digo isso porque outro trabalho "melhor" vai ser bem difícil de ser encontrado.
Quanto às questões mais práticas, acho que a maior dificuldade é que - especialmente quando você está começando - você literalmente tem que bater o escanteio e sair correndo para cabecear. Eu tinha que tomar decisões sobre: mesas para escritório, materiais de limpeza, contratação de funcionários, relacionamento com clientes, compras de produtos para a empresa, etc. E você continua tendo só as mesmas 24 horas de sempre. É com elas que tem que se virar para resolver tudo que precisa.
Confesso que o começo foi muito estressante. Todas as questões relacionadas a clientes eram meio que de "vida ou morte" e por isso sempre havia uma pressão muito grande.
Com o tempo as coisas se acalmaram, você acaba conseguindo pessoas para cobrir funções que você não tem braço para executar. E se você escolhe boas pessoas, elas trazem um resultado melhor do que você traria... isso é uma das coisas mais legais de empreender.
A Raccoon hoje tem 80 pessoas, estamos há 3 anos no mercado e temos clientes muito expressivos como Fast Shop, MRV, Viajanet, Discovery Channel, Natura, Kabum e vários outros.
Hoje eu sou COO da empresa, coordeno toda a operação de atendimento aos clientes, gerenciando boa parte do nosso time e fico alocado em São Carlos - SP, onde fica a nossa operação.
Sobre os próximos passos, é sempre meio nebuloso. Por enquanto estou totalmente focado em fazer a Raccoon crescer mais, termos mais clientes, mais receita, mantendo a qualidade de vida do nosso time. Temos uma preocupação enorme com isso.
No futuro penso em voltar a empreender com algum outro negócio. Acho que um dos principais aprendizados que tirei dessa experiência é que hoje em dia as pessoas pensam muito que precisam criar uma coisa completamente nova e revolucionária para criar uma nova empresa. Na verdade, existem inúmeras oportunidades de empresas no mercado "tradicional". Competimos hoje com empresas que já tem 10-15 anos de existência e ainda assim conseguimos resultados expressivos. Certamente existem inúmeros outros mercados com a mesma oportunidade. Esse é o meu conselho pra quem quer empreender: olhar para os negócios tradicionais com o mesmo carinho que olham para os mercados novos e revolucionários. olhamos e revolucionários.
